Novo seguro garante prazo de entrega dos imóveis
03 de junho de 2013Qual o maior medo de quem compra um imóvel na planta? Respondeu certo quem pensou na possibilidade da construtora falir e não entregar o apartamento. Esta insegurança é maior em quem vai fechar um contrato com uma empreiteira de médio ou pequeno porte. Os futuros proprietários precisam se preocupar ainda com os atrasos nas entregas dos imóveis, tão comuns que já foram institucionalizados nos contratos. A partir deste mês, esta realidade pode mudar. Isto porque o primeiro seguro de garantia de entrega de obra do Brasil já está sendo comercializado. A responsável por isso foi a Essor, empresa francesa que, em parceria com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), pode modernizar o processo construtivo nacional.
“Esse produto existe há 30 anos na Europa e tem adesão de quase 100% das empreiteiras. A chegada no Brasil é um divisor de águas para o mercado e para os consumidores. A obra será monitorada desde a análise para a contratação do seguro até a entrega das chaves”, explica a coordenadora do núcleo de seguros da CBIC, Rossana Costa. Segundo ela, quando o construtor contratar o seguro, a obra vai ser certificada. Para isso, todo o histórico da construtora será analisado, assim como a viabilidade do empreendimento. “Se identificarmos que a obra não vai cumprir com o que foi compactuado, vamos intervir para evitar os atrasos”, complementa Costa.
Fábio Pinho, diretor executivo da Essor, diz que, além da segurança, os consumidores poderão ser beneficiados com obras mais baratas, uma vez que o seguro ajuda na implantação de rotinas e controles financeiros dentro das construtoras. “Além dessas vantagens, a empreiteira que adquirir o seguro poderá conseguir descontos nas taxas de juros do financiamento bancário, pois o produto também diminui os riscos para o banco que conceder empréstimos para a realização da obra”, detalhou.
Fábio comenta também que o seguro poderá ser adquirido por construtoras, incorporados, loteamentos e cooperativas. “Desde que uma pessoa jurídica seja a contratante da apólice”, ressalta. O valor médio do contrato ficará entre 0,7% e 1,5% do custo total da obra. Outra boa notícia é que os empreendimentos dentro do programa Minha Casa, Minha Vida, que estejam na faixa dos três aos 10 salários mínimos, também poderão aderir ao seguro. De acordo com o diretor da Essor, no futuro, o seguro poderá ter garantia de qualidade da obra por um período de dez anos.
Para Marcelo Gomes, representante da CBIC na Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Pernambuco (Ademi-PE), o novo seguro só traz vantagens para o mercado imobiliário local. “Com o produto, os empreiteiros poderão captar mais dinheiro para as obras e os mutuários terão tranquilidade nos prazos e no recebimento do imóvel. O seguro irá mudar a forma de fazer negócios no processo construtivo, principalmente para as médias e pequenas empresas, que poderão padronizar seus métodos de construção.” Ele acredita ainda que a construtora que aderir terá um diferencial de mercado, o que pode influenciar na velocidade de venda dos imóveis.
Saiba mais
Veja como funciona o seguro:
Depois que a construtora tiver com o manual de incorporação, ela pode procurar a seguradora para contratar o seguro garantia de entrega de obras;
A seguradora irá então analisar a obra e a construtora solicitante do seguro;
Um dos pré-requisitos principais é que o prédio a ser construído seja patrimônio de afetação da empresa, que é quando o custo da obra está segregado do patrimônio da construtora;
Em cerca de 10 dias, o seguro é liberado. A partir daí, toda a obra começa a ser monitorada regularmente;
A seguradora monta uma equipe de controle que irá acompanhar o cronograma físico e financeiro da construção;
O custo do seguro fica em torno de 1,5% do valor da construção;
Com o seguro, a obra ganhará um selo de segurança da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o que pode acelerar suas vendas e ser um diferencial de mercado;
Após o primeiro ano de obras, a seguradora faz uma análise sobre os prazos do projeto;
Caso haja um atraso de mais de três meses, a seguradora identifica a fonte dos problemas e tenta ajudar a construtora seja com investimentos financeiros ou com mão de obra;
Todas as informações do grupo de controle deverão ser disponibilizadas em um site e ficarão disponíveis para os futuros proprietários e para os empreiteiros;
Caso, no decorrer da obra, a seguradora identifique que a empreiteira não conseguirá terminar o prédio, ela imediatamente assume o controle do canteiro;
A seguradora vai designar um novo construtor para concluir e entregar o empreendimento aos consumidores, que não deverão gastar nada com isso.